Depois de muito, muito, mas muito tempo mesmo, resolvi ressuscitar meu primeiro blog, o Cinematografia. Comecei a escrevê-lo no fim de 2004, época que frequentava muito o cinema, aliás como sempre foi em minha vida. Parei de ir ao cinema quando fui pros EUA e desde que voltei, devido ao imenso volume de trabalho, tenho ido pouquíssimo, mas mesmo assim vou ressucscitar o blog. Várias coisas me motivaram a fazer isso, já era uma vontade minha recomeçar a escrever sobre cinema e outras coisas. Ultimamente, depois das postagens frequentes do Emagre Sempre, meu blog sobre meu processo de emagrecimento, fiquei com o bichinho da escrita atiçado, e a vontade aumentou. E nesta última semana, tornou-se necessário e premente postar uma crítica em espe, cial, que eu devia desde 2005 a um amigo, o Demétrio. O filme era Festim Diabólico, do Hitchcock. O Dimmo, como carinhosamente o chamávamos, era o mago dos computadores. Manjava tudo de máquinas e programas. Pra ele era tudo muito lógico e fácil, em se tratando de computadores, e ele se impacientava com a minha ignorância e minhas perguntas. A crítica foi uma promessa, ou melhor, uma dívida, nunca paga, a um monitor de computador que o Demétrio me arranjou, isso sem falar no trabalho todo que ele teve várias vezes arrumando meu computador, e cujo único pagamento que teve foi minha gratidão, minha amizade e uma ou outra garrafa de cerveja. E mesmo assim, eu nunca escrevi a crítica do Festim. Claro que o pagamento era simbólico, o que ele queria mesmo é ver o que eu tinha escreveria sobre o filme. O Demétrio teve uma origem simples, não fez uma faculdade e gostava das coisas simples da vida, no entanto tinha um interesse singular por cultura de qualidade. Assinava a revista Bravo, consumia tudo que podia sobre música de todo o tipo, lia Dostoievisky e outros clássicos, e adorava cinema antigo e novo, e adorava juntar tudo isso com sua paixão por tecnologia. Criava videos malucos na internet, colagens que eram uma mistura deliciosa de suas duas paixões, cultura e tecnologia. Criava música também do mesmo jeito. Foi ele quem me apresentou meu maior mestre, o Google. Ele que me mostrou todo o potencial do Google e abriu um novo mundo aos meus olhos e mente.
Aconteceu que semana passada o telefone tocou aqui em casa e a notícia que veio do outro lado caiu como um tijolo sobre a minha cabeça e de minha mãe : O Demétrio se foi num acidente besta de moto. Assim, sem mais nem menos. O Demétrio se foi, e eu nunca o paguei a minha dívida moral e material com ele.
Sendo assim, tornou-se absolutamente urgente escrever sobre o Festim e fazer essa homenagem póstuma. Não sei se de onde ele estiver vai ler o que tenho a dizer sobre o Hitchcock, tampouco vou saber se ele concorda ou não. Vou rever o filme, pois muitos anos se passaram e minha dívida cresceu com juros e multa, acrescida pelo agravante de não ter sido entregue em vida ao credor, logo a crítica terá que ser feita com muito esmero. Merece que eu reveja o filme e dê o melhor de mim, para quem sempre deu o melhor de si para todos.
Aproveito e continuo escrevendo assim que puder, sobre cinema. Pelo sim, pelo não. Tentei acessar meu antigo blog, hospedado no Bol, mas mniha conta foi cancelada por inatividade, por isso vou repostar o s posts antigos aqui, com as datas antigas e comentários, que não foram muitos. Assim fica mais fácil, e o Blogger é um melhor servidor, de qualquer maneira. Desta forma, fica consolidada a ressureição do Cinematografia. Já que não vai ser possível trazer o Dimmo de volta.
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Um comentário:
É complicado... deve ser duro ter na cabeça uma dívida que quer pagar com alguém que se foi. Parece que agora, não basta mais a urgência de escrever sobre "Festim...", agora é necessário fazer algo maior para simbolizar o afeto e, talvez, a desculpa pelo atraso.
Não acho - conhecendo o Demma - que ele iria ficar bravo ou quereria alguma coisa que o satisfizesse. Acho, sim, que só de lembrar de algo que ele pediu um dia bastaria para receber um agradecimento. Demétrio era assim.
Parabéns pelo blógue. Só não pode esquecer de sempre carregá-lo de materiais. Uma tortura gostosa essa vida de blógue.
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