sábado, 25 de dezembro de 2004

Antes do Pôr do Sol



25/12/2004

Antes do Pôr do Sol
Bem, atendendo a revindicações, vou tentar ser mais assídua em minhas postagens.
Fui assistir a esse filme hoje com minha amiga Marília. Ambas estamos na mesma faixa etária dos protagonistas (32-33 anos) e foi interessante ver pelos diálogos a análise que eles faziam desse monento da vida, e a comparação com nove anos atrás. Jesse diz que ele acha que nessa fase ele consegue viver melhor cada instante e que as coisas parecem mais fáceis, e que sob esse ponto de vista é bom envelhecer. Depois os dois lavam uma roupa suja do desenrolar de suas vidas  amorosas.  Ele, o caso típico de ter casado forçado por uma gravidez e lamentando-se por levar uma vida que não gosta, num casamento que não lhe diz nada e cuja única alegria é  o ver o filho crescer. Ela perdeu a esperança  após algumas decepções e passou a vida se relacionando de uma maneira totalmente descrente no amor, sempre sabendo que aquela relação não daria certo mas consciente de que não existe a pessoa ideal e que ninguém vai completar o vazio existente em cada um de nós.
Ficção à parte, o filme retrata bem a geração em que vivo. A eterna busca do amor, o ideal da pessoa que vai nos acompanhar pela vida toda, ou então a desesperança, desilusão, e o eterno pular de galho em galho, vivendo o  momento, buscando no agora algo que não virá... Por que é tão difícil ser feliz sozinho?

 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

O tão falado Natal



24/12/2004

O tão falado Natal

Natal me lembra minha infância. Aquela árvore enorme cheia de presentes embaixo, dos quais apenas um ou dois seriam meus. Fartura, uma mesa cheia de nozes, avelãs, amêndoas, o quebra-nozes, tâmaras (que eu não gostava), uma bancada repleta de frutas frescas, cheiro de panetone. Hum, não gosto de panetone, do tradicional. Lembro da primeira vez que comi aquelas frutinhas cristalizadas do panetone, uma sensação ruim de morder aqueles pedacinhos meio duros e doces demais.

Lembro daquela mesa cheia de cadáveres de animais, um pobre leitão esturricado com uma maçã na boca, um frango grande sem cabeça e decorado com fios de ovos, uma perna de não sei que bicho, toda quadriculada à faca. Pobres animais.

Papai Noel... aquele velhinho mágico que chegava trazendo presentes para as crianças, e que depois descobri que era sempre o pai de alguém fantasiado... onde estava o meu Papai Noel...

Musiquinhas de Natal, sons de harpas, corais multifônicos, melodias ancestrais.

Presépio. Menino Jesus, Virgem Maria e São José... Eu não compreendia como podia aquele boneco de cera deitadinho em um berço de madeira provocar tanta comoção e atitude reverencial nas pessoas.

Natal sempre vai me lembrar essa época remota. E sempre vou lembrar também da noite de Natal que fui com minha prima para um quarto escuro da casa e ficamos debruçadas na janela, chorando por todos aqueles que dormiam nas ruas, por todas as crianças de quem Papai Noel havia se esquecido, de todos aqueles que jamais viriam uma árvore cheia de presentes, jamais quebrariam uma noz e tampouco experimentariam um Peru decorado com fios de ovos, e que provavelmente revirariam o lixo no dia seguinte, dia de Natal, vendo o que o Papai Noel lhes havia deixado dentro daqueles sacos pretos.

Hoje cada vez que se aproxima o fim do ano e o vermelho começa a tomar conta da decoração da cidade tenho vontade de sumir daqui. Vejo as pessoas enlouquecendo em torno da expectativa do dia que se aproxima, a corrida aos presentes, os amigos secretos, a luzes coloridas pipocando nas árvores e nas fachadas, os jornais anunciando as ofertas típicas, cestas de natal. Caixinha, o entregador de jornal, o lixeiro, o porteiro, o motoboy. Na última hora comprar o presentinho da filha da irmã da moça que trabalha na casa da cunhada...

Natal... E Jesus, dizem, nasceu lá, quietinho, no meio do deserto, cercado pelos bois e carneiros...

Provavelmente pouco tinham para comer.

Alguma coisa tá errada nesse mundo, e me dói pensar que sou eu...

terça-feira, 21 de dezembro de 2004






20/12/2004

La Mala Educación

Ontem fui assistir a esse filme esperando ver aquilo que a mídia e as pessoas em geral estavam dizendo: O melhor filme do Almodóvar, o “amadurecimento” do seu cinema, etc.

Escrevo esta página com pouco conhecimento da obra desse cineasta, vi pouca coisa, Kika, algum desses mais antigos e Fale com ela.


Gosto do Almodóvar enquanto um cinema que se propõe a contar uma história. Gosto da maneira como ele utiliza os recursos cinematográficos, a edição, os movimentos de câmera, os olhares insólitos. Gosto muito da trilha sonora de seus filmes, particularmente deste, e como existe uma adequação da trilha com a dramaticidade da história. Gosto da “estética almodovariana” (meio esquisito?), aquela combinação de cores berrantes, aquele estilo kitch utilizado o tempo todo, uma coisa que reforça bem a imagem de Espanha-latina que povoa minha mente.

Não sei se alguém já disse antes e se eu li em algum lugar, mas me ocorreu durante o filme que o Almodóvar é o Nelson Rodrigues do cinema espanhol. Tem um elemento de mundo cão que está sempre presente no seu cinema que me causa um certo incômodo. De ontem pra hoje já lembrei do filme com um certo fastio e muitas vezes retornando à pergunta que não quer calar : Afinal por que diabos Juan quis matar Ignácio ? O argumento de que ele estava de saco cheio do irmão junkie e travesti me parece meio inconsistente diante meus parâmetros, de uma pessoa supostamente norteada por um conjunto de princípios éticos e morais. Mas refletindo sobre o assunto, é uma atitude coerente com cara que se vende para um ex padre pedófilo para conseguir que quer.

Talvez me falte um certo distanciamento para entender Almodóvar. Talvez me falte aceitar que os princípios que regem a minha vida não são comuns a outrem e que muita coisa está acima do bem e do mal...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004



17/12/2004

Jornada da alma
Ainda ontem vi outro filme, Jornada da Alma. Um filme sobre Sabrina Spilrein, uma ex-paciente de Jung que supostamente se torna sua amante.
Nesta cena eles estão em um museu vendo a exposição  de um pintor na época recém-descoberto e reconhecido, Gustav Klimt, de quem meu amigo blogueiro Alex é fã incondicional.
O Sétimo Selo
Ontem fui assistir a esse filme do diretor sueco Ingmar Bergman no cinema, pela terceira vez. É um filme que fala sobre a vida e a morte, o porquê de viver.  Tudo se faz presente, os cavaleiros da Cruzada que em nome de Deus saíram matando, o ex-estudante de teologia que virou ladrão, o artista que vê e vive além da vida e da morte, os flagelados que temem a Morte, o cavaleiro que questiona a razão de continuar vivo se não encontra as respostas. Muito interessante  quando ele diz que embora não creia em Deus não consegue tirá-lo de dentro de si...
 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

13/12/2004

Inaugurando pra valer
Que idéia, criar um blog... para quem mal consegue escrever num diário de cabeceira até que estamos bem corajosas...
Estamos, no plural ? Sim, eu que escrevo e eu que leio, expectadora do desenrolar dessa nova empreitada psico-virtual.
No que vai dar isso , quem é que sabe...