segunda-feira, 28 de março de 2005

Frases de Machado

28/03/2005


" O cancro é indiferente às virtudes do sujeito; quando rói, rói; roer é o seu  ofício" ( Memórias  póstumas de Brás Cubas)
"A onça mata o novilho porque o raciocínio  da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal "(Ibidem)

domingo, 27 de março de 2005

Votação
Ok, dou  a cara a bater. A lista de filmes que  venho assistindo  cada vez maior e  o blog desatualizado. Não vou dar a velha desculpa de falta de tempo porque todo mundo sabe que tempo  a gente faz. A questão é estabelecer prioridades, além de que  a minha auto-crítica em relação  ao que escrevo cresce em razão inversamente proporcional à auto-estima. Mas me propus a fazer isso e vou lutar contra as adversidades que  minha mente paranóica me apresenta a todo momento.
Resolvi  fazer a lista dos filmes que estão aguardando serem criticados. Não sei  se vou comentar sobre todos, deixo  a cargo  dos pedidos de vocês  leitores. Conforme os filmes  forem recebendo votos eu vou escrevendo sobre eles, certo?

FILMES NOVOS EM CARTAZ RECENTEMENTE 
Machuca (já está em andamento o post)
Abraço partido
Confidências muito íntimas
Desde que Otar partiu
Sideways

FILMES ANTIGOS  EM CARTAZ HÁ POUCO TEMPO
Amarcord do Fellini
Amores Parisienses do Alain Resnais
A Carreira de  Suzanne e
O Casamento Perfeito ambos do Eric Rohmer
Os Incompreendidos do Truffaut

Tem também   Festim Diabólico  do Hitchcock que vi em DVD a pedido do Dimmo, esse está no cladeirão apurando! Me aguarde...




[Daniel] [criticasecronicas@uol.com.br]
Não perde tempo, ataca de Truffaut. Não tinha visitado aqui ainda, manda bem!

19/04/2005 18:10

[Alex] [www.alexei.blogger.com.br]
Oi Luciana, eu voto pelo filme do Truffaut. Abraços

31/03/2005 22:09

[Gilberto Mendes]
Oi Lu. Seu blog é muito bom mesmo. Embora necessária, a sua autocritica crescente não tem fundamento. Quisera eu poder comentar (e portanto assistir) ao Machuca, por exemplo, com essa clareza e sensibilidade. Um beijo.

28/03/2005 10:45

Machuca


27/03/2005

Asissti a  esse filme durante a Mostra BR de cinema, em outubro de 2004. Agora em cartaz é bom ver as pessoas reconhecendo seu grande valor. Me surpreendeu ver um filme latino muito bem feito que não fosse argentino ou mexicano (nossos velhos conhecidos).


A história  começa  com um padre socialista trazendo as normas de igualdade pregadas pelo governo Allende para dentro  da escola que dirige. Ele coloca  garotos  de uma favela para estudarem gratuitamente com os bem-nascidos, lado  a lado na mesma sala. Ao apresentar-lhes à classe, pede que digam seus nomes. Um deles diz  baixinho: Pedro Machuca. O Padre pergunta: Hein?  Ele repete o nome. O padre insiste: Fale alto que nem eu nem ninguém lhe ouve assim. Ele então grita com raiva: Pedro Machuca!! O padre triunfante já lhe dá a primeira lição, ele deve se afirmar como indivíduo, sua voz deve brandir o que tem a dizer. Será que deve?
Essa é a pergunta que persegue durante o filme. Quem deve dizer o quê, e qual o momento? No tempo todo o que vemos é a ação oposta massacrante do silêncio em prol da conivência, do medo, da conveniência, da sobrevivência até, e os que  insistem em brandir seus nomes se machucam.

Gonzalo Infante, o garoto bem nascido  que faz amizade com Pedro Machuca conhece de perto a realidade da classe oprimida. Visita o barraco  de seu amigo, conhece o pai bêbado, acompanha-o com o tio às passeatas, ora as de direita ora as de esquerda, vendendo bandeirinhas conforme a ideologia defendida. Em sua casa convive com a  subserviência forçada em acompanhar a mãe às suas visitas ao amante que lhe traz produtos importados.

Machuca tem um significado real no fime. Machuca ver os favelados sucumbindo à força militar da ditadura Pinochet, machuca ver a burguesia mantendo sua situação, mas o machuca  mais é  ver soterrada a iniciativa  de se  tratar  como iguais seres que têm os mesmos direitos simplesmente porque são  feitos da mesma matéria.
Pedro e Gonzalo representam  essa dicotomia. No fim vemos que tudo não passou de uma sonho infantil desfeito sob uma bala de carabina.
 E essa ferida não sara.