terça-feira, 21 de dezembro de 2004






20/12/2004

La Mala Educación

Ontem fui assistir a esse filme esperando ver aquilo que a mídia e as pessoas em geral estavam dizendo: O melhor filme do Almodóvar, o “amadurecimento” do seu cinema, etc.

Escrevo esta página com pouco conhecimento da obra desse cineasta, vi pouca coisa, Kika, algum desses mais antigos e Fale com ela.


Gosto do Almodóvar enquanto um cinema que se propõe a contar uma história. Gosto da maneira como ele utiliza os recursos cinematográficos, a edição, os movimentos de câmera, os olhares insólitos. Gosto muito da trilha sonora de seus filmes, particularmente deste, e como existe uma adequação da trilha com a dramaticidade da história. Gosto da “estética almodovariana” (meio esquisito?), aquela combinação de cores berrantes, aquele estilo kitch utilizado o tempo todo, uma coisa que reforça bem a imagem de Espanha-latina que povoa minha mente.

Não sei se alguém já disse antes e se eu li em algum lugar, mas me ocorreu durante o filme que o Almodóvar é o Nelson Rodrigues do cinema espanhol. Tem um elemento de mundo cão que está sempre presente no seu cinema que me causa um certo incômodo. De ontem pra hoje já lembrei do filme com um certo fastio e muitas vezes retornando à pergunta que não quer calar : Afinal por que diabos Juan quis matar Ignácio ? O argumento de que ele estava de saco cheio do irmão junkie e travesti me parece meio inconsistente diante meus parâmetros, de uma pessoa supostamente norteada por um conjunto de princípios éticos e morais. Mas refletindo sobre o assunto, é uma atitude coerente com cara que se vende para um ex padre pedófilo para conseguir que quer.

Talvez me falte um certo distanciamento para entender Almodóvar. Talvez me falte aceitar que os princípios que regem a minha vida não são comuns a outrem e que muita coisa está acima do bem e do mal...

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