Filme do iugoslavo Emir Kusturica começa parecendo ser um mosaico de vários fragmentos de histórias e vai delineando-se em torno de uma história de amor no momento em que estoura a guerra na Bósnia. O filme tem vários momentos surreais e é carregado nas cores e na dinâmica das cenas com um tom descaradamente felliniano. Começa com um carteiro se deparando com uma mula atravessada na linha ferroviária em construção. Essa mula irá nortear o filme todo, simbolizando a força do amor perante a energia da destruição.
O tal carteiro então anuncia ao povoado que os ursos irão tomar conta do território, outra metáfora para a iminente guerra. Em meio á ensaios da banda local, festas ao melhor estilo balcânico e esquetes completamente nonsense a guerra chega e a história começa a ter um enredo mais coerente. 
Luka, o personagem principal, um engenheiro a princípio encarregado da construção da estrada de ferro que tornar-se-ia uma ponte entre o turismo das regiões circunvizinhas e posteriormente nomeado pelo comando de guerra guardião dessa mesma linha, impedindo a passagem dos inimigos, vê o horror se instalar na sua terra e em sua vida privada com a inocência e o otimismo de um garoto nascido em meio ao sofrimento, e que sabe que o milagre da vida se faz a cada instante, seja na transformação de um ovo em um ser vivo, seja no nascimento do amor em meio às estratégias de guerrilha e surgido dentro da solidão advinda do abandono familiar.
É um filme que faz pensar na dor e na beleza de viver...