
O  mundo ocidental fecha os olhos para essa situação incômoda e prefere  voltar a atenção aos eternos conflitos do Oriente Médio. O bloco  comunista se não vivia bem antes, pior agora. O que vemos com esses  filmes são países passando por uma situação social caótica e  desalentadora. Os idosos e as pessoas de meia idade já não têm suas  necessidades básicas de saúde e infra-estrutura asseguradas pelo Estado,  uma vez que têm que competir em um novo mercado de trabalho regido por  códigos que desconhecem. Por outro lado esse mesmo mercado se aproveita  da falta de experiência e competitividade da população jovem, vivendo  uma realidade com a qual estão se deparando pela primeira vez, sem o  background das gerações anteriores, e impõe as regras do capitalismo  selvagem, explorando a mão de obra barata e outra atrocidades que  conhecemos bem. Daí o êxodo populacional e a explosão dos conflitos  étnico-sociais.

A partir daqui vou comentar  sobre o desenrolar do filme e se você é daqueles pretende assistir sem  estragar a surpresa (embora ela não seja um ponto crucial na trama e sim  o que vem a partir dela) não leia por favor.
A notícia que chega  de Paris para a filha e neta de Eka é que seu filho sofreu um acidente  de trabalho (caiu de um andaime) e morreu. Mãe e filha ficam sem saber  como dar a notícia à velha senhora, que vive contando os intervalos  entre cartas e telefonemas que recebe dele. Resolvem então manter a  farsa e continuar escrevendo cartas como se fosse o filho. O ponto  crucial nessa relação é a questão ética: Estão certas de poupar a mãe do  sofrimento do filho morto mantendo uma mentira, uma ilusão? Num certo  momento Ada questiona sua mãe sobre o porquê dessa decisão, Uma cena  forte de exposição dos demônios de cada um.
No fim do filme Eka  resolve ir a Paris visitar o filho. Marina e Ada a acompanham, já de  passagem comprada e com visto obtido, sem desfazer a mentira. Ela  finalmente descobre por si própria o ocorrido e o que se segue é a  grande surpresa do filme, a reação dela diante do fato. Ela sai  grandiosa e dá um exemplo às suas descendentes. Uma lição de vida, de  sabedoria, de humanidade. Eka nos ensina como passar pela vida  nobremente e o quanto a experiência e idade são fundamentais na formação  do caráter da pessoa.